domingo, 14 de junho de 2009

um poema sem nome

é de ser eterno,
tem toda a velocidade esse amor
todo teor
do tamanho do universo

é de ser desejo
tem todo o tesão esse amor
toda cor
da delicia de um beijo


Marcelo Moro

quinta-feira, 11 de junho de 2009

De repente

Como cego em tiroteio
vaguei pela noite que desatina agora
vagarosamente sempre pelo lado de fora
das coisas, das roupas, das casas
o reverso da moeda, fogo que apaga

e senti o frio, o nervoso, o calor
a tremedeira das pernas
a moleza do braços , o umido dos lábios
o abandono de uma sensação
ao controle suícida dos sábios


Marcelo Moro

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Certas Coisas

Não existiria som
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...

Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...

Eu te amo calado,Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz.
Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e sons,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...

Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz,
Nós somos medo e desejo,Somos feitos de silêncio e sons,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...E digo.

http://www.youtube.com/watch?v=V1UiIyLfyYk


* deixei o Lulu Falar por mim ,,,,

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Amo-te

Amo-te pleno e absoluto
Plexo, pélvico, total
Amo-te como o pássaro ama a primavera
Como a mãe ama a espera
Do filho que ainda brota no ventre
Amo-te pra sempre
E tanto e incontável e indizível
Não porque seja secreto
Mas por não haver palavras
Amo-te como vicio que não se acaba
Como brasa que ainda consome
Soprada pelo vento e se espalha
Amo-te como a terra em cio
Recebendo a semente e se molhando
E amando assim devolve frutos e sementes
Amo-te, ato continuo e eternamente
Feito dizima que não se acaba
Feito a expansão serena e infinita do universo
Amo-te silenciosamente e aos gritos
Com calma, com paz e com fúria
Com afeto, com amor, com tesão
Amo-te apertado feito nó
Cego, surdo, entregue
Amo-te, ponto. E só





Marcelo Moro

sábado, 6 de junho de 2009

o segredo do Universo

" dentro do mambo e da consciência
está o segredo do Universo(Raulzito)

Quem poderia supor exatamente a velocidade de Hermes ? O tesão de afrodite ? a maldade ingênua de Hades ? a vaidade vulgar e excêntrica de Medusa ? Diante de todos esses mistérios sobram muitas portas fechadas, muitos quebra - cabeças sem a ultima e derradeira peça. Einsten, por exemplo, dizia : " O que é racional eu ja equacionei, o que não se equaciona eu chamo de Deus". Pois bem ! quem se propõe a abrir as mãos, os braços no meio do quintal num dia de chuva está disposto a comungar com o Universo dos seus maiores segredos, assim como quem caminha num campo de flores e consegue reparar a beleza e a firmeza das cores. Os dias hoje superam a velocidade de Hermes, a apelação quase publicitária do sexo e do desejo colocam no chinelo o tesão de Afrodite, a maldade que se vê estampada nas almas deixaria Hades com vergonha de iniciante, e não tenho nem palavras para descrever as medusas do século corrente. O fato é que tudo anda rápido e sem sabor porque as pessoas se deixam levar por tudo que garanta uma felicidade instantanea, é a cultura do fácil, tão mais óbvio se não tiver que pensar, tão mais prático, tão mais sem culpa se colocarmos o raciocínio pra dormir. E assim caminha a humanidade se afastando dos Segredos do Universo e escuta seu moço...assim os discos voadores nunca irão pousar.


Marcelo Moro

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Soneto da Humanização

O que levar na mala?
Apenas sonhos que traduzam línguas mortas
E antigos poetas que me habitam
Talvez a chave de alguma porta

Uma velha camisa xadrez
Os dois dedos finais do conhaque
A língua solta e a coragem
Algo que ainda me encante de Chico Buarque

Uma foto da minha sala
A lembrança da sua fala
A jaqueta jeans desbotada

A herança dos concertos
Do papo que varava a noite
Meia dúzia de sonetos


Marcelo Moro

domingo, 31 de maio de 2009

Razão de Paraíso

uma menina ao sul da mulher
uma mulher no horizonte da menina
uma linda menina, punhal que me rasga
saliva que me salga, partida sem chegada

A dose certa na hora errada
o aroma do paraíso, a brisa
o vento que balança e frisa
seu cabelo que escorre, noite sobre os céus das costas

a razão do secreto desejo
ora desafio, ora esquecimento
o silêncio, o gemido contido no gesto
fico perto, olhando de longe



Marcelo Moro